quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Feliz Ano Novo



O Ano-Novo é um evento que acontece quando uma cultura celebra o fim de um ano e o começo do próximo. Todas culturas que têm calendários anuais celebram o "Ano-Novo". A celebração do evento é também chamada réveillon, termo oriundo do verbo réveiller, que em francês significa "despertar".
A comemoração ocidental tem origem num decreto do governador romano Júlio César, que fixou o 1º de janeiro como o Dia do Ano-Novo em 46 a.C. Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. O mês de Janeiro, deriva do nome de Jano, que tinha duas faces - uma voltada para frente e a outra para trás.

Celebrações modernas de Ano-Novo


1º de janeiro: Culturas ocidentais nas quais o ano começa em janeiro.
Em Nova Iorque a celebração mais famosa de Ano-Novo é a de Times Square - onde uma bola gigante começa a descer às 23 horas e 59 minutos até atingir o prédio em que está instalada, marcando exatamente zero hora (00:00:00).
No Rio de Janeiro a celebração mais famosa é a dos fogos de artifício em Copacabana. Milhares de cariocas e turistas juntam-se nas ruas à beira-mar e nas praias para assistirem ao interminável espectáculo, que começa prontamente à meia-noite do novo ano.
Em São Paulo a Avenida Paulista é o palco de atrações e queima de fogos. Em 31 de Dezembro de 2005, a festa reuniu mais de dois milhões de pessoas.
Na Escócia há muitos costumes especiais associados ao Ano-Novo - como a tradição de ser a primeira pessoa a pisar a propriedade do vizinho, conhecida como first-footing (primeira pisada). São também dados presentes simbólicos para desejar boa sorte, incluindo biscoitos.
Em muitos países, as pessoas têm o costume de soltar fogos de artifício em suas casas, como é o caso do Brasil, dos Países Baixos e de outros países europeus.
Muitas pessoas tomam decisões de Ano-Novo, ou fazem promessas de coisas que esperam conseguir no novo ano. Elas podem desejar perder peso, parar de fumar, economizar dinheiro e arrumar um amor para suas vidas.
Em países de língua inglesa, cantar e/ou tocar a música Auld Lang Syne é muito popular logo após a meia-noite.
No antigo Egito, há 3750 anos antes de Cristo! A estrela Sirius alinhava-se com a estrela Canopus no rumo Sul ao centro da Via-Láctea; exatamente à zero-hora sobre as Pirâmides de Guiza.
O calendário egípcio deu lugar ao cristão. O primeiro minuto de janeiro, abre-se a janela do Ano-Novo! *** Orion * Sirius. Até os dias de hoje.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre

A Verdadeira História de papai Noel


Papai Noel com bochechas rosadas e sorriso bonachão nasceu num poema anônimo, publicado no New York Sentinel, jornal que não existe mais, no 23 de dezembro em 1823. Chamava-se São Nicolau, ainda, era um elfo baixinho, carregava seu saco de presentes com o qual descia chaminés abaixo. Ali já estava a costura de um santo católico com mitos nórdicos. Tem três pais modernos: o poeta anônimo, um mordaz cartunista político analfabeto e um desenhista publicitário conhecido pelas moças seminuas pin-ups que traçava.
De origem mesmo, Papai Noel é personagem histórico, São Nicolau. Cinco santos católicos têm este nome, um deles papa. Do original, São Nicolau de Bari, pouco se conhece. Nasceu em Lícia, que hoje fica na Turquia, em finais do século 3. Órfão de pais ricos, peregrinou pela Palestina e Egito, abraçou o cristianismo. Era uma época tumultuada, no final do governo de Diocleciano, quando seguir Cristo já era atividade popular mas ainda coisa perseguida. Jovem ainda, Nicolau sacramentou-se padre e foi feito bispo de Mira, sua região natal.
Ficou preso e provavelmente foi torturado por muitos anos até que ascendeu ao trono romano Constantino, em 306, que posteriormente cristianizou o império, em 312. Tempo de rancores – era preciso lidar com a turma que renegou Cristo para evitar a prisão; inventaram o sacramento da confissão por conta. Carecia também gerenciar o conflito entre o imperador e o papa Silvestre I, que disputavam o comando da Igreja. E, sobretudo, alguém precisava decidir o que afinal era Jesus Cristo.
Em 325 fez-se a primeira reunião de todos os bispos para afinar o discurso no Concílio de Nicéia. Nicolau era um dos defensores da tese da trindade – de que Cristo era Deus – e seu lado terminou por vencer o grupo que via-o como um profeta, um homem entre homens. Os bispos decidiram também que evangelhos entravam na Bíblia e afastaram o cristianismo do judaísmo original, abolindo o sábado como dia de descanso e adotando o domingo, incluindo-se aí uma nova data para a Páscoa.
No entanto, ele é um santo embaraçoso para a Igreja contemporânea – na Enciclopédia Católica oficial, põe-se em dúvida até se participou ou não do concílio. Nem todos os bispos foram, só a maioria. Mas o bispado de Nicolau incluía a Anatólia, local do concílio – por que estaria ausente duma reunião em casa? Só que é embaraçoso: os milagres lhe atribuídos são um tanto incríveis e a Igreja implica com o encontro da religião com crendice popular. Uma vez, por exemplo, São Nicolau caminhou pelas águas do mar para salvar um pescador que ia afogando.

Chaminés e presentes
Seu feito mais lembrado é a história de um pai muito pobre que via suas três filhas chegando à idade de casar e não tinha dinheiro para o dote; sem marido, teriam de prostituir-se para viver. Nicolau, com sua roupa vermelha de bispo rondou a casa à noite com três saquinhos de ouro; abriu a janela do quarto da primeira filha e depositou um; fez o mesmo no quarto da segunda e, como a terceira dormia na sala, jogou-o pela chaminé. O saquinho caiu dentro de uma meia que estava secando à lareira. Papai Noel, de barba branca, vestes rubros, com direito a meias e lareiros.
Apesar da ranzinzice católica, é um santo popularíssimo. Há mais igrejas erguidas em seu nome, na Europa, do que a cada um dos apóstolos individualmente. É o santo padroeiro da Grécia e da Rússia como o era de Nápoles, Sicília e Lorena em seus tempos de independência. Os restos mortais do santo foram transferidos para a Itália em 1087 e estão depositados numa igreja em Bari – daí São Nicolau de Bari. É padroeiro dos pescadores, dos banqueiros e dos penhores – o ícone das casas de penhora, três bolas, remetem às três bolsas de ouro.
É muito antiga a tradição de trocar presentes nesta época do ano. Na Europa latina, ficou por conta do 6 de janeiro, Dia de Reis. Mas na Europa do norte assumiu-se o 6 de dezembro, data da morte de São Nicolau. Foi Martinho Lutero, em sua luta contra os santos que instituiu o protestantismo, quem mudou isso. Em sua Alemanha natal, transferiu a data para o dia 25 e fez com que dissessem que era homenagem a Christkind, o menino Cristo. Na Inglaterra, assumiu no vácuo uma imagem pagã, um sujeito vestido com manto verde, coroa de ervas e barba castanha – Father Christmas, Pai Natal, que aparece como o Espírito do Natal Presente no Conto de Natal de Charles Dickens. Lutero fracassou na Holanda. O 6 de dezembro ainda é um dos parcos e mais importantes feriados nacionais.
Ainda hoje, com suas barbas brancas, o hábito vermelho e chapéu de bispo, atores vestidos de São Nicolau passeiam no início de dezembro por Berlim, Amsterdã, Copenhague e arredores.
De certa forma, Papai Noel é invenção holandesa: Sinter Klaas, São Nicolau em sua língua. Quando vieram assumir o controle de parte do nordeste brasileiro, em 1630, os homens de Maurício de Nassau trouxeram Sinter Klaas e mantiveram a tradição de que crianças deveriam ser presenteadas no dia de sua morte. Quando foram expulsos em 1654 e tomaram o rumo de Nova Amsterdã, na América do Norte, levaram seu dia sagrado – com o bispo generoso junto. E é aí que a fábula moderna começa a tomar sua forma pelas mãos de três homens.

Os dois primeiros pais de Noel
O poema foi publicado anônimo num jornal de Nova York em 1823. Chamava-se ‘Twas the night before Christmas – “Era a noite anterior ao Natal; em toda a casa nenhuma criatura movia, nem mesmo um camundongo. As meias, penduradas na chaminé com cuidado, indicavam a esperança da vinda de São Nicolau.” Durante muitos anos, foi atribuído ao teólogo Clement Moore mas, recentemente, decidiu-se que o autor é o poeta romântico Henry Livingstone, conhecido pelos versos ligeiros.
São doze estrofes, uma graça de poema para crianças, e muito do clima do Natal holywoodiano está ali. Descreve um pai de sono leve que, enquanto mulher e filhos dormem, percebe que algo aterrissou no telhado – então alguém desce pela chaminé, sai todo sujo de fuligem. “Seus olhos, como brilhavam! Suas rugas, quão felizes! Suas bochechas, como rosas, seu nariz como uma cereja e a barba branca como a neve … Ele era gordinho e bonachão, um elfo feliz.” O poema foi recebido com tal gosto nos EUA que não houve Natal em que não tenha sido republicado desde então.
Livingstone era de família holandesa chegada na região no tempo em que Nova York era Nova Amsterdã, menos de um século antes. São Nicolau persistia na tradição da comunidade holandesa, mas era só entre eles. A esta altura, Nova York já tinha a cara do caldeirão de culturas européias e negras que produziu a cidade mais cosmopolita do mundo. E, de alguma forma, São Nicolau tomou ali a forma de elfo.
Toda a Europa tem lendas de gente pequena que varia de todas as formas: leprechauns, duendes, elfos – gente boa ou má, mágica ou não. O elfo do poema é um tomte sueco, do tipo anão de jardim que inspirou Walt Disney em sua Branca de Neve, bonzinhos e corados. Não é coisa holandesa mas de alguma forma, na mistura novaiorquina, assim ficou no poema, quebrando a sisudez do bispo e estendendo o fascínio pelo santo.
Thomas Nast veio criança para os Estados Unidos. Seus pais, alemães pobres, não sabiam o que fazer com o filho incapaz de estudar – talvez fosse disléxico, pois inteligência jamais lhe faltou. Ficou anos na escola e jamais aprendeu a ler. Mas desenhava horrores. Quando a Guerra Civil norte-americana estourou, a imprensa local cresceu por conta da ansiedade de saber notícias dos filhos e maridos na luta ao sul. As cenas de batalha de Nast, encravadas em madeira para impressão nos jornais, fizeram com que sua carreira deslanchasse. Publicava, principalmente, na Harpar’s Weekly, que ainda circula hoje, mensal, com o nome Harpar’s Bazaar.
Seu primeiro Papai Noel saiu na edição do Natal de 1862. Tinha feito sua mulher ler e reler ‘Twas the night before Christmas para inspirá-lo. Outras imagens do santo já haviam aparecido aqui e ali, mas a habilidade de Nast lhe permitia captar o clima mágico do poema como nunca dantes. A lareira com as meias penduradas, o elfo bonachão, uma certa felicidade ingênua. Fumava cachimbo e não tinha mais chapéu de bispo, substituído por um gorro. (Qualquer semelhança com o saci, de pito e carapuça, não é mera coincidência – têm a mesma origem no imaginário.)
Nast também tomou certas liberdades. Fixou residência de Sinter Klaas, já americanizado para Santa Claus, no Pólo Norte – não seria de nenhum país. Providenciou-lhe também uma fábrica de brinquedos na qual outros elfos, como ele, trabalhavam. E, se São Nicolau sempre andara a pé pelas ruas ou a cavalo, Thomas Nast decidiu que renas voadoras puxando-lhe um trenó eram mais adequadas. Estas, ele deve ter pescado da lenda finlandesa do Pai Inverno, o velho que anda de casa em casa e, quando bem recebido, provê para que a temperatura seja amena à família. Por fim, Nast decidiu que nem toda criança seria presenteada. Só as boazinhas.
Thomas Nast era mordaz na caricatura dos candidatos à presidência que não apoiava – e elegeu todos com quem simpatizava. Foi num cartum seu que pela primeira vez apareceram o burro, representando o Partido Democrata e o elefante, dos Republicanos. Inventou também o circuito de palestras para clubes e associações que até hoje sustentam jornalistas conhecidos. Durante 24 anos, publicou 76 imagens de Natal. Ele, que jovem custou a dominar o inglês, morreu rico, embaixador dos EUA no Equador, em 1902.

O marketing de Natal
Os entalhes de Nast e o poema de Henry Livingstone criaram um dos primeiros fenômenos da propaganda. Na década de 1880, uma loja de Boston contratou um ator para vestir-se de Papai Noel – era um escocês que adorava crianças e atiçou filas dia após dia de pessoas que ouviam de sua presença e traziam seus filhos dos lugares os mais distantes, pegando trem, enfrentando horas de viagem. A notícia de que o truque funcionava atravessou o Atlântico e, na década seguinte, na Inglaterra, Pai Natal – de verde e moreno, igualmente bonachão – passou a bater ponto no comércio.
A Coca-cola adotou o Papai Noel em suas propagandas nos anos 20 do século passado – era só mais uma empresa atacando o filão conhecido e rentável. Mas custou a dar certo. A empresa, já grande e de escopo nacional, trabalhava com uma penca de agências publicitárias concentradas em Chicago. Em 1931, repassou sua propaganda de Natal para o estúdio de Haddon Sundblom, um dos mais talentosos ilustradores de sua geração, comparável a Norman Rockwell e Alberto Vargas.
Sundblom era um sujeito alto, 1,92m, dono duma voz grave do tipo que se impõe em quaisquer discussões. Pintava a óleo e acrílico, sua especialidade eram as nuances de luz num ambiente escuro. Baseava-se sempre em modelos vivos: sua mulher, seus filhos, vizinhos – quem fosse. Entre seus feitos, o sujeito no rótulo das aveias Quaker. E também, nos anos 40 e 50, pin-ups – a sensualidade, biquínis curtos para o tempo, moças curvilíneas. A impressão a cores na capa e contracapa de revistas como a Seleções de Reader’s Digest popularizava-se nesta época e os outdoors já seguiam espalhados pelo país.
Papai Noel era seu vizinho: Lou Prentice, um caixeiro viajante aposentado. Anos depois, as lendas fizeram parecer que Papai Noel adotara as cores da Coca-cola; paranóia, foi coincidência, vestiu-se sempre de vermelho. Mas o cinturão e as botas pretas foram obra de Haddon Sundblom. Como foi sua humanização definitiva – os elfos continuaram, mas apenas entre seus ajudantes. E o cachimbo, naquele Natal de 1931, foi substituído por uma garrafa pequena do refrigerante. As cores intensas, a luz aconchegante de lareira e, principalmente, o alcance da verba publicitária da Coca-cola que espalhou a imagem por todos os EUA, fizeram de seu Papai Noel o definitivo. É, até hoje, o “Papai Noel tradicional”. Só que havia carisma, ali – vários desenhistas a serviço da empresa haviam tentado sem sucesso.
Sundblom cuidou da propaganda natalina da Coca-cola até 1964, quando a verba migrou para a tevê. Após a morte de Prentice, Papai Noel passou a ser seu auto-retrato. Morreu em 1976 – não sem antes confessar à revista Rolling Stone que jamais conseguiu suportar o gosto do refrigerante.

A chegada ao Brasil
Influenciado pelas origens na Europa latina, a troca de presentes no Brasil colônia se dava no Dia de Reis, 6 de janeiro, como ainda acontece na Argentina. O comum era a oferta de comida, mas era a época que os escravos ganhavam novas mudas de roupa, também. O símbolo do Natal era o presépio, inventado provavelmente por São Francisco, quando criou a Missa do Galo.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, principal folclorista brasileiro e contemporâneo de Sundblom, Papai Noel chegou ao Brasil na década de 1920, importado junto com o cinema e o rádio. Mas bem no início ainda era São Nicolau, com chapéu de bispo e hábito. No pós-guerra, com a popularização dos importados norte-americanos – plásticos, a edição brasileira das Seleções e Coca-cola, chegou o Papai Noel definitivo.
Mas não só no Brasil: também na Inglaterra, na França, na Espanha, Portugal, Itália e boa parte da América Latina. Na Inglaterra, a imagem do velho simpático substituiu a do Father Christmas, mas o nome permaneceu. De lá, os franceses importaram o apelido para chamá-lo Père Nöel – Pai Natal, literalmente. Espanha e Portugal tomaram emprestado do vizinho e puseram pai no diminutivo: Papá Noel, Papai Noel.

De toda forma, não é correto dizer que Papai Noel é uma invenção da Coca-cola ou que seja folclore de todo artificial. São Nicolau é santo importante e querido dos portugueses, Sinter Klaas andou por Pernambuco e, em seus tempos de elfo, teve a mesma origem remota do Saci Pererê. É, no fim, produto da geléia geral de misturas que deu origem à cultura das Américas, um dos primeiros frutos da globalização em seu melhor sentido.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

E se... não houvesse fronteiras?






Se não houvesse fronteiras para separar os países a população teria livre acesso a outros países e haveriam grandes mudanças na economia mundial.

Do espaço elas não são vistas, mas estão entre as criações humanas mais antigas e, desde sempre, foram impostas pela força e pelo poder, motivando disputas sangrentas, algumas irreversíveis. Elas reúnem e afastam povos. Mas e se, de repente, eliminássemos as fronteiras entre os países? Como seria o mundo sem estrangeiros?
A primeira idéia que vem à cabeça é um mundo de migrantes, onde os homens se deslocariam livremente em busca de melhores oportunidades e qualidade de vida. Segundo André Martins, professor de geografia regional e política da Universidade de São Paulo (USP), o nascimento dos países se deu por causa da agricultura. A fixação do homem na terra ocorreu há cerca de 10 mil anos. Em torno dos campos férteis foram naturalmente surgindo povoados, vilas, cidades e depois países. "Abolidas as fronteiras, veríamos grandes movimentos migratórios motivados, principalmente, pela busca de emprego. Pois, se no passado a posse da terra era necessária para prover a subsistência, hoje o capital e a oferta de trabalho assumiram esse papel", diz. Seria comum ver latino-americanos indo para os Estado Unidos e africanos em busca de emprego na Europa. Legalmente.
"É provável que sem fronteiras, em pouco tempo, estivéssemos todos falando o mesmo idioma e andando com dólares no bolso", diz Alexandre Rochman, coordenador do curso de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política, em São Paulo. Não é uma situação tão irreal para quem mora nas grandes cidades, está acostumado às palavras em inglês e segue as oscilações da moeda americana, como se disso dependesse a felicidade.
A economia sofreria mudanças, cujas tendências já podem ser percebidas. De acordo com Rochman, a Área de Livre Comércio das Américas e a União Européia refletem esse espírito. "A formação de mercados comuns é uma forma de passar por cima das fronteiras econômicas", diz. Sem barreiras e taxas alfandegárias o comércio e o turismo seriam bastante beneficiados.
Se alguma integração vem ocorrendo do ponto de vista cultural e econômico, no âmbito político as coisas seriam diferentes. A ausência de fronteiras e o fim das nações exigiriam novo conceito de cidadania. "Hoje, o local de nascimento é determinante para estabelecer os direitos do homem. Seriam necessárias novas leis e organismos supranacionais para garantir os direitos e deveres desses cidadãos do mundo", afirma Rochman. A Comunidade Européia já discute uma proposta de Constituição comum.

"Teríamos de aprender a viver em uma grande nação com religiões, etnias e culturas diferentes", diz Martins. Para ele, se o fim das nações não for um processo de integração e de acordos internacionais, seriam mantidas as divergências que hoje motivam conflitos.
Se eliminar as fronteiras não colocaria ponto final às guerras, em alguns casos repararia uma situação artificial criada pela sanha expansionista e imperialista dos europeus, durante o século 19. É o caso da África e do Oriente Médio. "Nos dois casos, não foram levados em conta os interesses das populações locais, e por isso existem tantas guerras nessas regiões", diz Martins. Mas há quem veja na ausência das fronteiras um avanço rumo a uma sociedade baseada menos nos poderes de governos e instituições e mais nos direitos básicos do cidadão. Nada de políticos, nada de tribunais, nada de polícia, nada de ladrão. Parece letra de música do Raul Seixas, mas não é. Este é o mundo sem países, de acordo com Edson Passetti, professor do Núcleo de Estudos de Sociedade Libertária, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

"Viveríamos o ideal da vida em comum em harmonia", diz. (superinteressante-abril)